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Vendas de lentes para óculos devem superar faturamento de 2019

Para este ano, a expectativa da Associação Brasileira da Indústria Óptica é que o setor cresça 8,9% e fature R$ 24 bilhões

Por Lourdes Rodrigues, Para o Valor — São Paulo

09/07/2022 15h00

O mercado de lentes oftalmológicas corretivas, que conta com 40 milhões de usuários no Brasil, encolheu na pandemia que tomou conta do país a partir de fevereiro de 2020. Mas neste ano o faturamento do setor deve superar as vendas de 2019.

“Em 2019, antes da pandemia, o faturamento no ponto de venda (PDV) foi de R$ 23,2 bilhões. Em 2020, caiu 16,5%, para a marca de R$ 19,7 bilhões, porque de março a maio as lojas ficaram fechadas. Em 2021, chegamos a R$ 22 bilhões. Para este ano, esperamos crescer 8,9% e faturar R$ 24 bilhões”, diz Ambra Nobre Sinkoc, diretora-executiva da Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica), que representa 95% das marcas e grifes comercializadas no país.

Impactado pela pandemia, com queda de 40% na venda de óculos de proteção solar, em razão da menor circulação de pessoas nas ruas, a comercialização de lentes e equipamentos para cirurgias oculares também caiu, porque diversas cirurgias foram suspensas ou adiadas no período. “Em 2021, os óculos de segurança, utilizados por profissionais de saúde e ligados à alimentação puxaram as vendas”, diz a diretora.

Dados da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria (Soblec) apontam que cerca de 3 milhões de brasileiros são usuários de lentes de contato, o que representa apenas 1,4% da população. Segundo a entidade, 6% da população do país é potencial usuária para o produto. “Nossa expectativa é que o mercado brasileiro de lentes de contato cresça de 1,4% para 2,5% nos próximos cinco anos”, diz Gerson Cespi, diretor-geral da fabricante americana de lentes de contato CooperVision no Brasil.

Se a pandemia trouxe transtornos para todos os setores da economia, acabou beneficiando o segmento de lentes de contato. “Antes da pandemia, o faturamento das lentes crescia, em média, 6% ao ano. Esse índice saltou para 18% em 2021 na comparação com 2019. E, no período, a CooperVision cresceu 36%, duas vezes mais que o mercado.”

A empresa investe em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, como uma lente de contato para quem usa dispositivo digital e outra, aprovada pelo FDA, para corrigir e retardar em 59% a progressão da miopia infantil, hoje classificada como epidemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Outro plano iniciado antes da pandemia foi a aquisição de oito empresas de lentes especiais.”

A americana Bausch+Lomb, do grupo Bausch Health, com atuação em vision care (lentes de contato e soluções), farma (vitaminas e colírios) e cirurgia (lentes intraoculares, equipamentos e instrumental cirúrgico) sentiu os impactos da pandemia de formas diferentes. “A área menos atingida foi a farmacêutica, porque a divisão cirúrgica teve impacto imediato, de março a maio de 2020, com a suspensão e o adiamento de cirurgias. No caso das lentes de contato, as pessoas ficavam em casa e, sem interação social, muitas deixaram de usar”, diz Carlos Alberto Andrade, diretor-geral da Bausch+Lomb no Brasil e diretor para a América Latina para Vision Care.

Para Andrade, a força da marca e a estratégia de manter os investimentos na expansão da fábrica de lentes de contato em Porto Alegre (RS) e na área comercial, além da volta das cirurgias, ajudaram a registrar um crescimento de 35% no faturamento de 2021 em relação a 2020. “Este ano, deve crescer acima de 20%. A média antes de 2019 era de 10% a 15%.

Fundada em 1992, no Maranhão, a rede Óticas Diniz está presente em mais de 400 cidades em todo o país, com cerca de mil unidades. Ariane Diniz, presidente da rede, diz que a empresa tem atingido os objetivos de faturamento e volume de vendas. Em 2021, as vendas cresceram 10% em relação a 2020 e a perspectiva de crescimento de 2022 com relação a 2021 se mantém em dois dígitos.

Com vendas mundiais no primeiro trimestre de 2022 de US$ 2,2 bilhões, a suíça-americana Alcon aplica 10% de seu faturamento global no desenvolvimento de novos produtos. “Tivemos dois importantes lançamentos no segmento de lentes diárias”, Antonio Mendes, chefe da divisão cuidados com a visão da companhia no Brasil. Segundo ele, o mercado brasileiro tem um potencial de crescimento, porque a demanda por lentes de contato é baixa. “Há ainda espaço na cirurgia, porque a população mundial está envelhecendo e a cirurgia de catarata tem aumentado.”

Formado em 2018, a partir da fusão da francesa Essilor com a italiana Luxottica, o grupo EssilorLuxottica atua no design, fabricação e distribuição de lentes oftálmicas, armações e óculos de sol, em mais de 150 países. A receita do grupo no ano passado cresceu 20% em relação a 2019 e 40% em relação a 2020, atingindo 21,5 bilhões de euros.

No Brasil, o plano é “expandir tanto as lojas próprias quanto as franquias, para todas as regiões, com maior foco no Nordeste, Sudeste e Sul”, diz Silvina Mirabella, gerente geral de varejo da EssilorLuxottica no Brasil. No país, o grupo tem duas fábricas, uma rede de laboratórios e dois centros de distribuição. No varejo são mais de 150 lojas próprias e mais de 1,4 mil franquias, para as marcas Óticas Carol, Sunglass Hut, Oakley, Ray-Ban e GrandVision by Fototica.

Fonte: valor.globo.com

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