Celular

Uso excessivo de celular eleva a demanda por óculos de grau

Comércio. Aumento expressivo da busca por lentes de correção é ainda mais forte entre público infanto-juvenil, e abre para as empresas do ramo um potencial para novas coleções e produtos

O uso excessivo de aparelhos celulares e tablets especialmente entre o público infanto-juvenil já eleva a demanda por óculos em todo o País. Com isso, o setor óptico já aposta em um avanço mais forte para este ano, após amargar uma retração acentuada de 17,8% no acumulado entre os anos de 2015 e 2016 .

“O mercado óptico conseguiu perceber a crescente demanda por lentes de correção ocular. Muito disso está atrelado ao uso exacerbado de celulares. As crianças, por exemplo, brincam muito pouco com brinquedos ou ao ar livre. Hoje, quando elas não estão no tablet, estão vendo televisão”, afirmou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Ópticas (Abióptica), Bento Alcoforado.

De acordo com ele, no ano passado, esse segmento como um todo – que engloba o mercado informal, formal e as importações de materiais da China – apresentou recuperação e cresceu 12%, movimentando R$ 21,9 bilhões. Para este ano, há previsão de alta de 5% no faturamento desse mercado, chegando a R$ 22,9 bilhões.
Segundo os dados da Abióptica, em 2017, a categoria de lentes oftálmicas e lentes de contato tiveram participação em 20,09% na receita total desse mercado, o equivalente a R$ 4,4 bilhões. Em comparação ao ano de 2016, esse número girava em torno de R$ 3,5 bilhões.

De acordo com os últimos dados compilados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), entre 2014 e 2016, houve incremento de 9% no montante de consultas em oftalmologistas no setor privado de saúde – passando de 7,3 milhões para 8,1 milhões entre os dois períodos.

Uma das marcas que está de olho nesse movimento de mercado é a rede de franquias Chilli Beans. “Hoje, os óculos de grau representam 20% das vendas brutas. Até o final do ano, devemos aumentar essa participação para 35%”, afirma o presidente da marca, Caito Maia.

De acordo com o empresário, o aspecto “descolado” dos modelos de óculos da empresa tem ajudado a impulsionar as vendas de produtos dessa categoria para clientes mais jovens. Ele afirma que o consumidor ainda está um pouco receoso para ir às compras e o fluxo dos shopping centers caindo fez com que a empresa repensasse o modelo de lojas e a localidade para novas operações.

Exemplo disso é que – até o final de 2018 – Caito planeja abrir 70 novas unidades, todas no modelo de franquia, chegando a 850 lojas no total. Desse montante de novos negócios, cerca de 40 estarão instalados em cidades pequenas, com população entre 50 mil e 90 mil habitantes.

O executivo explica que a medida foi adotada por duas razões: o valor alto nos aluguéis dentro dos grandes shoppings e por uma oportunidade estratégica no segmento de lojas de rua, as quais têm custo mais barato. Em 2017, a empresa faturou R$ 550 milhões e neste ano pretende atingir receita de R$ 610 milhões.

Já em relação ao e-commerce, a marca tem como objetivo dobrar o percentual de participação dos canais virtuais nas vendas totais , atingindo 8% até dezembro.

Compartilhando perspectiva similar a do presidente da Chilli Beans, o diretor executivo do Mercadão dos Óculos, Gustavo de Freitas, afirma que a empresa tem ampliado o portfólio dos modelos de grau visando a demanda do público juvenil. “Estamos desenvolvendo essa linha específica de produtos há quatro anos. Em 2017, registramos crescimento de 20% só do público abaixo dos 15 anos”, argumentou Freitas. No mesmo período, o incremento na categoria de “consumidores adultos” foi de 15%.
Na opinião do executivo, as famílias brasileiras estão investimento mais na saúde ocular e adquirindo maior consciência em relação a necessidade dos exames oftalmológicos. Hoje, a rede, que tem como alvo consumidores pertencentes às classes B e C, dispõe de 192 unidades no Brasil. Só o Estado de São Paulo concentra 40% dos negócios.

No ano passado, a rede obteve receita de R$ 90 milhões. Até o final de 2018, de acordo com o diretor executivo, o faturamento deve chegar a R$ 120 milhões. Em relação a abertura de novas unidades, Freitas afirma que no mês de maio foram realizadas sete novas operações e, para julho, oito inaugurações estão previstas.

Ânimo moderado
Apesar do otimismo dos empresários, o presidente da Abióptica, ressalta a necessidade de levar em conta fatores como a alta do dólar e o ambiente político-econômico do País, que podem comprometer parcialmente o desempenho deste ano. “Embora o Dia das Mães tenha ajudado todos os setores, a oscilação no câmbio deve reduzir a oferta de produtos no mercado”, afirmou Alcoforado, ressaltando que esse segmento ainda é muito dependendo de produtos estrangeiros. “Mais de 95% do que é vendido é fruto de importações”, complementa.

Segundo ele, no curto prazo, a alta da moeda americana não deve incidir sobre os preços no segmento, pois “a maioria dos estoques é anterior à elevação nas cotações do câmbio”. Porém, caso o dólar continue em alta, invariavelmente os preços serão ajustados.

 

Fonte: DCI

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